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Mãe solo por opção: a jornada de Tarine Gulusian

Foto: Reprodução/Instagram

Ser mãe solo é a realidade de muitas mulheres ao redor do mundo e, sem dúvidas, pode ser uma jornada difícil e desafiadora. Isso porque, quando se trata de criar um filho sozinha, o nível de estresse, ansiedade e sobrecarga emocional pode ser ainda maior.

Inclusive, dados de uma pesquisa divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), feita em 2021, apontam que cerca de 24% das mulheres brasileiras já tiveram filhos sem um parceiro.

A maternidade solo por opção é uma escolha cada vez mais comum entre mulheres que desejam ter filhos, mas não querem ou não encontram um parceiro para construir uma família. Essa decisão pode ser desafiadora, porém, também pode ser gratificante, como é o caso da influencer digital Tarine Gulusian.

Aos 37 anos, a influencer tem 3 filhos: Bernardo, de 14 anos, Bela, de 6 anos e Bless, de quase 2 anos, que foi por fertilização in vitro. Em suas redes sociais, ela costuma compartilhar sua rotina como mãe solo e fala sobre os desafios e as alegrias de criar os filhos sozinha. Ela também é uma defensora da maternidade por escolha própria e encoraja outras mulheres a seguirem seus sonhos.

Sonho de ser mãe

Para Tarine, a maternidade é algo que ela sempre sonhou. Contudo, as experiências que ela teve com relacionamentos a fez optar pela maternidade solo. “Eu sempre tive muita vontade de ser mãe, mas os relacionamentos estavam atrapalhando o maternar, principalmente na minha segunda gravidez. Eu não estava vivendo aquela maternidade tranquila, por isso, decidi ser mãe solo através da fertilização”, ressalta.

Apesar de ter suas dificuldades, a influencer diz que ser mãe solo também tem seus benefícios.

Mãe solo: três gestações

Sem dúvidas, a gestação é um período mágico para as mamães. No entanto, durante essa fase as mulheres passam por diversas mudanças no corpo. E claro, cada mulher tem uma experiência diferente.

Tarine lembra que a sua primeira gestação, do Bernardo, foi super tranquila. “Eu era muito nova, tinha 22 anos e estava extasiada com aquele momento de ser mãe pela primeira vez”, disse.

Mas como nem tudo são flores, ela mal sabia que as próximas gestações não seriam tão fáceis. “A da Bela foi mais pesada, eu tive anemia e fiquei muito fraca, então foi um período difícil, principalmente por eu estar passando por problemas emocionais”, desabafa. “Não é que eu só não tinha alguém ali para passar comigo aqueles perrengues, mas eu estava passando por muitos problemas causados pelo genitor”, continua Tarine.

Já a gravidez da Bless, sua filha mais nova, foi totalmente diferente. Isso porque, após passar por relacionamentos complicados, Tarine decidiu que queria ser mãe solo por opção, optando pela fertilização in vitro, um dos métodos de fertilização mais eficazes.

“Da Bless foi um período muito delicado, é complicado você passar por tantos desafios sozinho. Era a minha terceira tentativa, eu engravidei a primeira vez e perdi, tentei a segunda e deu negativo, e a terceira deu certo. A gestação foi de risco porque além de a placenta ter se deslocado durante toda a gravidez, eu também tive diabetes gestacional”, afirma. “Era muito tenso emocionalmente estar aqui com eles dois mais velhos e uma gravidez de risco, sozinha”, desabafa Tarine.

Conciliar o trabalho e a maternidade

Para muitas mulheres, a felicidade da gravidez pode vir acompanhada de preocupações e muito cansaço, especialmente quando se trata de conciliar as responsabilidades da maternidade com a vida profissional.

No caso da Tarine, ela consegue conciliar o trabalho e a maternidade com mais facilidade. Afinal, por trabalhar com a internet, existe a possibilidade de estar em casa todos os dias e ainda ter a flexibilidade de estar com as crianças.

“O lado negativo é que não tem hora e não tem dia para acabar, eu trabalho a qualquer momento e lugar. Às vezes não consigo ter esse limite. Mas todos os dias eu tenho um momento com cada um, sem interferência nenhuma. Eu sei o quanto isso é valioso e importante para eles”, expõe a mãe solo.

Para ela, é de extrema importância que os pais se policiem e não justifiquem a ausência afetiva. “Temos que levar em consideração que também precisamos de limites. Se não, a gente acaba justificando para ficar menos menos pesado. Mas dar atenção é tão valioso quanto suprir as necessidades financeiras. Tem que se impor e saber se organizar, por exemplo, separar um horário especialmente para o filho”, diz.

Por outro lado, Rejane ressalta que as mães não devem se culpar por não estarem disponíveis para os filhos 24 horas por dia. “A mulher que trabalha fora não é uma mãe ruim. Muito pelo contrário, a grande maioria das vezes essas mães tornam-se inspiração para os filhos que as respeitam e admiram pela força, coragem e competência.”

Apesar de não ser uma tarefa fácil para diversas mães, a psicóloga explica que fazer um planejamento dos dias e horários disponíveis pode ajudar a conciliar a rotina profissional e a maternidade.

Mãe solo: vida de influencer

Tarine entrou para o mundo das redes sociais há oito anos atrás. Ela começou com seu canal no Youtube, que acumula quase 450 mil inscritos, e também compartilha sua rotina com seus mais de 300 mil seguidores no Instagram.

Os filhos de Tarine são acostumados com as fotos, gravações e até mesmo com pessoas parando para pedir fotos nas ruas durante viagens. “Eles estão super acostumados, mas tem um limite. O Bernardo é adolescente e tem acesso ao Instagram, assiste meus stories, os amigos dele também assistem. Eu sempre converso com ele sobre isso”, declara a influencer.

Apesar de estarem nesse meio, a mãe solo busca preservar a imagem das crianças, respeitando o espaço de cada um. “Sempre pergunto se posso gravá-los antes. Eles têm ciência de que eu exponho a minha vida e por subsequência eles acabam expondo a deles. Tanto que eu sempre falo para a Bela, nunca vou postar vocês pelados, no banheiro, chorando, brigando, nunca. Nós temos o nosso limite da privacidade”, expõe.

Limites na internet

Principalmente nos dias atuais, as crianças e adolescentes estão utilizando cada vez mais as redes sociais. Mas o uso excessivo e desregulado pode afetar seriamente a saúde mental. Por isso, é importante que os pais estejam atentos e estabeleçam um limite para evitar conteúdos impróprios e não atrapalhar os estudos ou qualquer interação social com a família ou amigos.

Bernardo, o filho mais velho de Tarine, tem acesso à internet e aos conteúdos da mãe. Além de jogar videogame, um dos seus hobbies preferidos. Contudo, a youtuber coloca limites sempre que necessário.

“Toda quinta feira eu tenho uma reunião para terapeuta do Bernardo e com o pai dele. Inclusive, a gente conversou sobre isso recentemente, porque ele está com um videogame novo, e além de jogar, na tela da TV estava passando uma coisa e no celular outra. Eu acho estímulo demais e isso é desnecessário”, explica.

Para reduzir o tempo de tela, ela estipula horários para mexer no videogame, para navegar no celular e para ficar “livre”, seja lendo um livro, desenhando ou até mesmo não fazendo nada. “Tem momentos que não tem o que fazer, a gente precisa dar uma tela pra conseguir fazer outras coisas”, conta Tarine.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda o uso de telas de acordo com cada idade. Confira:

  • Até dois anos: sem contato com telas (e isso inclui a televisão), ou o mínimo possível;
  • Dois a cinco anos: no máximo 1 hora por dia;
  • Seis a 10 anos: 2 horas por dia;
  • 11 a 18 anos: entre 2 a 3 horas diárias.

A mãe solo no papel de pai

Tarine é mãe solo apenas de suas duas filhas mais novas. “O Bernardo, que é o mais velho, nem posso falar que sou mãe solo dele. Ele tem um pai super presente, que mora pertinho de mim, e a gente compartilha tudo”, explica a youtuber.

Os filhos de mães solo podem lidar de diferentes maneiras com a situação de ter apenas uma figura materna presente em suas vidas. Alguns podem sentir falta de ter um pai, enquanto outros não se importam tanto com a ausência.

Além disso, geralmente os filhos criam um vínculo ainda maior com as mães, que se tornam a principal fonte de apoio, amor e orientação na vida delas. No caso da filha do meio de Tarine, isso fica ainda mais evidente.

Foto: Reprodução/Instagram

“Para a Bela a maternidade solo sempre fluiu muito bem. Ela não conheceu uma família de pai e mãe presentes”, lembra Tarine. “Mas ano passado foi a primeira vez que eu tive um embate com isso. Na semana do dia dos pais as crianças fizeram um cartaz para os pais e ela voltou muito chateada e insegura, não sentindo falta da figura paterna, mas sim vergonha. A escola abordou isso dizendo que eu era o pai dela, e ela acha super engraçado e agora fala ‘olha que super poder a mamãe tem’. Depois do processo de fertilização da Bless, para ela ficou mais natural ainda que a gestação não depende só de um homem e uma mulher que tem relação”, ressaltou a influenciadora digital.

Autocuidado

Cuidar da autoestima e alimentar o hábito do autocuidado é muito importante. Envolve cuidar de si mesma de maneira consciente e atenciosa, com a finalidade de melhorar a qualidade de vida. Isso pode incluir uma variedade de práticas, como se alimentar bem, dormir o suficiente, fazer exercícios físicos, praticar meditação ou outras atividades relaxantes.

Quando as mães solos se dedicam ao autocuidado, elas mostram para seus filhos a importância de cuidar de si mesmo e do próprio bem-estar.

Inclusive, Tarine conta que um dos fatores mais importantes para ela é cuidar da própria mente. “Não é pauleira o tempo todo, os três estudam e estão na escola durante o dia. Aí eu consigo trabalhar e me organizar melhor, tendo um tempo só pra mim.”

Claro, o acompanhamento com profissionais da saúde mental não fica de fora: “Passo em psiquiatra, psicólogo, inclusive as crianças também. Sou muito preocupada com a saúde mental deles, por isso eles fazem terapia e têm acompanhamento terapêutico”, lembra.

O preço da maternidade solo na saúde mental

De acordo com Rejane Sbrissa, psicóloga cognitivo comportamental, a saúde mental de muitas mães solos é afetada negativamente. “Crises emocionais, sensação de solidão e desamparo, e depressão pela exaustão de excesso de preocupações são muito comuns”, afirma a especialista.

Além disso, a falta de apoio familiar e financeiro pode impactar diretamente a saúde mental dessas mulheres. Para a psicóloga, o medo de não conseguir dar atenção, carinho, ter que trabalhar fora, dar uma vida digna e plena a si e seu filho, custam muito emocionalmente.

Assim como muitas mães, Tarine não conta como uma rede de apoio da família, por exemplo. “Não tenho isso porque cada um tem suas necessidades próprias”, explica. Para lidar melhor com a maternidade, ela precisou contratar funcionários, especialmente após o nascimento da Bless.

Cuidados na gravidez

Principalmente entre as mães solos, é comum a gravidez gerar um estresse muito grande. Entretanto, segundo Rejane, passar por problemas de saúde mental durante a formação do feto pode trazer impactos negativos para o bebê – tanto fisicamente quanto emocionalmente.

“No pós nascimento afeta diretamente a produção do leite para a amamentação, fazendo secar, por exemplo. Também afeta o desenvolvimento cognitivo emocional da criança que sente segurança emocional na mãe”, lembra a psicóloga.

Além disso, as interações sociais que a criança tem ao longo da vida também são afetadas. O bebê pode se sentir desamparado afetivamente, prejudicando o seu desenvolvimento e levando ao atraso cognitivo e motor.

Por isso, é essencial cuidar não só do corpo, como também da mente neste período tão importante.

Dicas para outras mães solos

Cuidar de um ou mais filhos sozinha, não é nada fácil. Por isso, lembre-se de não se cobrar tanto. “Não existem super heroínas, faça seu melhor como mãe, profissional, mulher, dona de casa, ou qualquer outro papel que nós temos na vida. Se anular como mulher, mesmo que sem querer, pode trazer culpa para o seu filho. Procure creches, ongs, familiares se for o caso, babás, vizinhos ou amigos. Não se obrigue a cuidar 100% de tudo!”, salienta Rejane.

Se valorize ao máximo, e não esqueça de valorizar a relação com os filhos para que a saúde mental não seja afetada no futuro. “Eu sei que muitas ficam chateadas pelo fato de os pais não darem atenção. Mas se o homem não tem essa intenção, as mulheres não têm que sofrer por isso. Preenche a lacuna do teu filho, porque as crianças ouvem muito. Elas acabam sentindo falta do genitor de tanto que a mãe fala”, destaca a influencer.

“Aguente firme, pois é uma fase que vai passar. Apreciem cada momento, se planejem e não passe o peso para as crianças, pois eles não precisam sentir a tristeza de que o genitor não dá a pensão, de nada. Deixa a vida deles ser bem lúdica, alegre e dê o máximo de atenção que você puder porque passa muito rápido!”, aconselha Tarine.

Fonte: Tarine Gulusian, youtuber e influenciadora digital; e Rejane Sbrissa, psicóloga cognitivo comportamental.
Link: https://vitat.com.br/mae-solo-tarine-gulusian/?fbclid=IwAR3weu3PidR7abTZB2HOlIN89ZZLoCeBuphebhKBiChuxoGVMylynsh4KYM

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