
Nenhuma experiência é realmente individual quando, ainda na quinta-feira, já pensamos na sexta ou no fim de semana: em festejar, despertar as ideias do trabalho e aproveitar o momento com pessoas especiais. Imaginamos o que vestir, qual bar estará mais tranquilo, se vamos de karaokê ou preferimos um lugar mais intimista. Algumas coisas nunca mudam – sempre há música, dança e bebida. Beber sempre foi um gesto social, de sensação de pertencimento. No entanto, algo novo vem surgindo no balcão. No lugar do álcool, aparecem água com gás, hortelã, gengibre e morango. Cada vez mais as pessoas optam por bebidas sem álcool e percebendo que o prazer segue na textura e na experiência que o acompanha.
“O movimento de procura por bebidas sem álcool vem crescendo desde a pandemia”, conta o bartender Alex Sepulchro, do Astor e SubAstor. “Os bares começaram a criar e ter um cuidado maior com essa demanda. Acredito que a procura vem relacionada ao estilo de vida das pessoas, que buscam estar inseridas em experiências sem precisar consumir álcool.”
A psicóloga Rejane Sbrissa, especialista em terapia cognitivo-comportamental, observa que esse interesse tem relação direta com a busca por bem-estar. “Beber é um ato simbólico. Por muito tempo, quem não consumia álcool se sentia à margem em festas e encontros. Os mocktails — junção das palavras mock (imitar) e cocktail — trouxeram a chance de celebrar junto, de pertencer, sem abrir mão da saúde.”
A mudança não é apenas sobre o que se bebe, mas como se bebe. “Hoje, as pessoas querem experiências completas, que envolvem sabor, estética e presença”, diz Rejane. “O prazer de um copo bonito, as cores vibrantes, o aroma das frutas e especiarias… Tudo isso ativa sensações ligadas ao prazer e à recompensa, sem interferir na clareza mental.”
Alex ainda afirma que o segredo está na experiência sensorial. “Vale apostar em frutas de cores vivas, como maracujá e morango, e em especiarias como canela e cravo, que trazem complexidade ao sabor. E hortelã sempre dá aquele toque de refrescância”, ensina.
Há também uma busca por drinks que simulam a sensação do álcool, mas de forma natural. “Muitos usam ingredientes como gengibre ou pimenta, que trazem uma leve ardência e replicam a sensação quente e intensa do álcool”, explica Rejane.
Esses sabores marcantes oferecem profundidade, textura e picância, e contribuem para um prazer mais consciente. O corpo sente, mas sem os efeitos da embriaguez. “A elaboração cuidadosa, o uso de especiarias aromáticas, o gelo, o brilho do copo, os detalhes na decoração – tudo isso faz parte da experiência. É um ritual que envolve os sentidos e convida à presença.”
Nos bares, Alex percebe que não há um perfil único de público. “Pessoas de todas as idades e estilos têm procurado essas bebidas”, afirma. E isso não significa que deixaram de consumir álcool – é apenas mais uma opção. Uma escolha que varia conforme o momento.
A geração Z, segundo a psicóloga, é um dos grupos que mais têm adotado esse hábito. “Eles consomem menos álcool do que as gerações anteriores. Buscam autenticidade, autocuidado e não querem perder o prazer de participar socialmente.”
Como fazer em casa?
Para quem quiser produzir as bebidas sem álcool em casa, o bartender compartilha uma receita simples e deliciosa: o strawberry mojito sem álcool.
Ingredientes:
- 3 morangos;
- 6 folhas de hortelã;
- 1 colher de açúcar;
- Água com gás para completar;
Modo de preparo:
Em um copo, macere os morangos, o hortelã e o açúcar. Adicione gelo e complete com água com gás. Misture levemente e decore com uma folha de hortelã e uma fatia de morango.
Outra opção mais refrescante para se hidratar no calor, é o mojito virgin.
Ingredientes:
- 1 dose de suco de limão;
- 30 ml de xarope simples;
- 8 folhas de hortelã frescas;
- Água com gás e gelo;
- Modo de preparo:
Em um copo alto, acrescente o suco de limão, hortelã, xarope simples e gelo. Depois, complete com a água com gás e misture bem.“O resultado é leve, colorido e refrescante. Um convite a desacelerar, saborear o agora e brindar com consciência — sem culpa, sem ressaca, e com o mesmo prazer de sempre.”
