Pode parecer incoerente, mas mesmo com a balança acusando o excesso de peso, as roupas ficando muito justas ou sendo deixadas de lado ou, mesmo amigos fazendo comentários, há pessoas que mantém uma imagem distorcida de si próprias, o que faz com que se retarde qualquer decisão de emagrecer.
Essa atitude não é teimosia ou revolta. Não é algo feito de propósito, mas sim de maneira inconsciente.
Em outras palavras, dependendo do momento que o indivíduo vive, lutar contra a gordura é muito difícil. Isso pode acontecer quando estamos fragilizados, em crise, tristes, sozinhos. Nessa hora, encarar o espelho e perceber que além de todos os problemas, existe mais um: o corpo. É muito duro.
Nosso cérebro entende isso e ativa mecanismos de defesa. Dessa forma, você não vê, ou minimiza o que está estampado à sua frente (os quilos a mais) e segue a vida se enganando, porém “sem” sofrer.
É exatamente isso que a mente do gordo quer: evitar o sofrimento, pois acredita que não está em condições de encarar os problemas de frente.
Existem vários mecanismos que retardam essa tomada de consciência: vestir roupas largas, com elástico na cintura para disfarçar a gordura, evitar olhar-se no espelho por inteiro, fugir de vídeos e fotos, etc. Também pode acontecer de o indivíduo não escutar os comentários sobre sua obesidade, pois o cérebro realmente não registra o que está sendo dito, novamente com o intuito de proteção. Tudo porque naquele momento é impossível tomar uma atitude.
Todo esse aspecto está relacionado à questão da auto-imagem (imagem que a pessoa tem a respeito de si própria). Quanto mais distante da realidade, maior será a dificuldade em emagrecer.
Essa distorção pode ocorrer de 3 formas diferentes:
- Você distorce a realidade e não se vê gordo. É o caso extremo de negação de si mesma. Age como se estivesse anestesiada para o mundo.
- Você tem noção do seu tamanho, mas não está preparada para mudar: esse comportamento é característico do gordo iô-iô. Você percebe o problema e alterna suas reações, às vezes disfarça e, por outras, tenta resolver , quase sempre sem sucesso, porque falta a aceitação plena.
- Você se aceita como está e se propõe a mudar: essa é a fase adequada para ter sucesso em seu tratamento (emagrecimento). Tem consciência da obesidade e existe a determinação para acabar com ela.
Para se chegar ao 3.º estágio, é necessário melhorar a auto-estima, se assumir como alguém com excesso de peso que precisa se responsabilizar por seu emagrecimento. Colocar a culpa dos quilos em excesso, em remédios, médicos ou dietas milagrosas são posturas que não existem mais.
Temos que emagrecer a mente e não só o corpo se quisermos nos manter magros.
No processo de emagrecimento, você deve ir alternando hábitos e ações de acordo com o novo corpo que for adquirindo, enfim a imagem mental de magra.
Se você sofre com o problema de obesidade deve se testar em situações reais, para ver em que estágio se encontra.
Embora essa questão seja complexa, é possível ver se há distorção da realidade quando:
- Os outros falam coisas que não batem com o que você pensa;
- Você se vê em vídeo e não se reconhece;
- Sempre subestima a quantidade de alimento que ingere.
Ou seja, o mundo está sempre dando dicas, basta estar atento.
O primeiro passo para a conscientização de seu peso e corpo é despertar para o fato de que você pode estar distorcendo sua imagem corpo-real. Isso pode ser feito por alguém próximo em quem confie, por você mesmo ou por um terapeuta especializado.
Existem algumas técnicas que ajudam:
- Você deve se desenhar e comparar com uma foto ou vídeo recentes;
- É importante começar a sentir mais o próprio corpo, ensaboando-se com as mãos (sem esponja) durante o banho e passando hidratante, por exemplo;
- Ver-se de corpo inteiro e nu no espelho. Olhar-se em diferentes ângulos. Focalizar os aspectos positivos facilita a auto-aceitação;
- Pesquisar outros aspectos, além da aparência física e do peso, que sejam importantes no dia-a-dia: caráter, personalidade, profissão, etc.
Tudo isso pode parecer muita coisa a ser feita e muitos sentimentos a revisar, mas na realidade é pouco para mudar sua imagem-mental e seus comportamentos. E, então, aceitar-se como uma pessoa gorda que pode, e vai, emagrecer.
Cuidar da auto-estima, ser carinhoso consigo mesmo, arrumar-se melhor, não se culpar, tratar-se bem.
E lembrar sempre: peso ideal não existe. Ele se situa naquele ponto da balança em que você se olha no espelho – para valer – e sente-se feliz e em harmonia.