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E Se Você For A Pessoa Tóxica?

Texto: Ana Kubata
É preciso refletir sobre os próprios comportamentos para evitar que padrões abusivos se perpetuem nas relações

Tudo o que ninguém quer é entrar em um relacionamento e, pouco tempo depois, descobrir que está vivendo uma relação abusiva. Por esse motivo, é normal estar sempre em alerta sobre o comportamento alheio para identificar possíveis “sinais vermelhos”. Mas, já parou para pensar que talvez você possa ser a pessoa tóxica em questão?

A AUTORREFLEXÃO É PRIMORDIAL
É claro que identificar esse tipo de coisa pode ser bastante complexo, pois envolve observar padrões de comportamento por um longo período e analisar se, acima de tudo, suas ações prejudicam o outro de alguma forma. Então, não tem como fugir: é preciso refletir sobre as próprias interações sociais e como você se relaciona com os outros. “Para reconhecer sua toxicidade, é imprescindível o autoconhecimento, refletir sobre seus pensamentos e atitudes, autoavaliação, saber quem realmente é. Por isso a dificuldade de se reconhecer”, confirma Rejane Sbrissa, psicóloga cognitivo-comportamental.

Para nos ajudar com isso, a profissional lista os comportamentos tóxicos básicos, que são: egoísmo, violência, negativismo, manipulação e crueldade. “Ciúmes e orgulho excessivos, pessimismo constante, mentiras, exagero ou omissão de informação conforme lhe interesse, chantagem emocional, desconsideração, desrespeito ao outro, violência física, psíquica e/ou emocional e vitimismo também revelam que a pessoa tem comportamento tóxico”, descreve.

HÁ CASOS E CASOS…
Mas calma! Rejane deixa claro que ter comportamentos tóxicos não te torna, necessariamente, uma má pessoa. “Ser tóxico significa que você acaba prejudicando emocional, física e/ou psicologicamente outras pessoas. Porém, acaba se prejudicando também, porque uma pessoa tóxica não é uma pessoa feliz”, esclarece. Ainda segundo a especialista, muitas vezes esses comportamentos não são propositais, mas sim o modo como a pessoa vê e pensa sobre a vida. “Os outros podem reconhecer e se afastar… mas o tóxico, se não reconhecer e modificar, vai conviver com sua toxicidade para sempre”, ressalta.

A psicóloga afirma que é possível ter comportamentos tóxicos de forma isolada, mas não ser, de fato, uma pessoa abusiva. “É possível, em uma situação de desagrado, reagir com violência psíquica, física ou emocional, ou com crueldade e manipulação, mas somente naquela situação específica”, pontua. Um exemplo disso é quando determinados comportamentos são aprendidos em relacionamentos ainda na infância. “Se seus pais e familiares não te respeitavam como ser humano, você pode ter aprendido que familiares não merecem respeito. Já com pessoas de fora da família, você tende a agir e tratar com respeito, não sendo tóxico”, revela Rejane.

PODEMOS SER TÓXICOS COM NÓS MESMOS!
Ela ainda faz um adendo: é preciso tomar cuidado com o abuso que pode ser praticado por nós mesmos e contra nós mesmos. Se você for do tipo de pessoa que exige demais de si e pratica autojulgamento constante, cuidado, isso pode ser extremamente nocivo. “Quando a autocobrança é exagerada, ela se torna tóxica”, alerta a especialista.

O PROBLEMA PEDE AJUDA TERAPÊUTICA
Qualquer que seja a situação, a psicóloga reforça a necessidade de trabalhar o autoconhecimento para mudar esses padrões, pois, segundo ela, se não houver essa reflexão, a pessoa jamais terá consciência de sua toxicidade. “O autoconhecimento é uma jornada individual que transforma o ser humano. Através dele, se compreende como agimos, pensamos e nos relacionamos com o mundo, nossos medos, desejos e potenciais, fazendo com que tomemos decisões mais conscientes e a nosso favor”, afirma.

“O autoconhecimento é um processo contínuo de descoberta de quem realmente somos. Somente assim podemos não só modificar padrões tóxicos, como também quaisquer outros padrões que não tenham ressonância com quem queremos ser.”

UMA DICA!
A ajuda de um profissional da área de psicologia é indispensável para trabalhar essa autorreflexão. Contudo, Rejane compartilha uma técnica para ajudar nesse processo de reconhecimento. A atividade consiste em anotar tudo o que acontece, principalmente quando se percebe um padrão em sua vida. “Por exemplo: se todos os seus namorados foram aproveitadores, tente ver, dentro de si, o que te leva a atrair esse tipo de pessoa.”

Esse exercício, segundo ela, tem como objetivo criar maior consciência de si, dos seus sentimentos, comportamentos e pensamentos. “Ele ajuda a deixar de agir no automático, não ser impulsiva, pensar sempre em construção e crescimento pessoal. Parar e pensar sempre antes de agir, e assumir a responsabilidade de si mesma e de sua vida, sem culpas”, reforça.

O resultado disso? A chance de mudanças! “A pessoa tóxica sempre é vítima, a ‘culpa’ sempre é dos outros. O autoconhecimento fará com que você seja mais feliz, assuma suas responsabilidades e deixe de ser vitimista. Te ajudará a respeitar limites, oferecer desculpas sinceras a si mesma e aos outros. Ou seja, só te fará bem”, finaliza Rejane.

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