
Conviver em família nem sempre é sinônimo de harmonia. Afinal, como lembra a psicóloga comportamental Rejane Sbrissa, “não existe famílias perfeitas, pois elas são compostas por seres humanos, cada um com suas próprias características e formas de lidar com a vida”.
Enquanto em outras relações, como amizades, relacionamentos amorosos ou profissionais, temos mais liberdade de escolher com quem nos cercamos, no núcleo familiar o convívio é inevitável, principalmente até a juventude. E é justamente nesse cenário que podem surgir conflitos que afetam profundamente o seu emocional.
De acordo com a especialista, existem famílias disfuncionais em que o afastamento pode ser necessário para preservar a saúde mental. Situações de falta de respeito à individualidade, comparações constantes, controle excessivo, chantagens emocionais ou ameaças de retirar apoio são sinais de alerta. “Essas experiências deixam a pessoa com baixa autoestima, sentimento de vazio e até sintomas físicos, já que não se sente aceita por ser quem realmente é”, explica Rejane.
Se está te fazendo mal, é mellhor se afastar
Em alguns casos, se distanciar de familiares é um passo importante para se redescobrir e se fortalecer. “O afastamento pode ser positivo quando permite que a pessoa saiba quem realmente é, o que lhe faz bem e quais são as suas escolhas diante das adversidades da vida”, afirma a psicóloga. Esse processo envolve autoconhecimento e reconstrução pessoal, ajudando a criar bases mais firmes para, futuramente, voltar ao convívio familiar sem abrir mão da própria autenticidade.
Por outro lado, o afastamento por si só não resolve os problemas. Se a pessoa se distancia, mas não busca se cuidar ou compreender suas próprias questões, os efeitos podem ser ainda piores. “Nesse caso, ela entra no vitimismo, acreditando que tudo é culpa da família ou dos outros, sem assumir a própria responsabilidade. O resultado é o aumento da sensação de não pertencimento e o agravamento de todos os sentimentos ruins”, destaca Rejane.
O papel da psicoterapia nesse processo
Segundo a psicóloga, a psicoterapia cognitiva é uma das abordagens mais indicadas para quem convive com famílias disfuncionais. “Quando você se trata, consegue conviver com essa família sem se deixar afetar, porque aprende a diferenciar o que é seu e o que é do outro”, explica.
Nesse processo, fica mais claro que cada membro da família é, antes de tudo, um indivíduo com seus próprios sonhos, desejos e limitações. Assim, cabe a cada pessoa estabelecer limites saudáveis e assumir a responsabilidade pelo seu próprio bem-estar.
É fundamental impor limites nessa relação
Apesar dos conflitos, Rejane reforça que o sentimento de pertencimento familiar é essencial. “Todos precisamos de família, de ter esse senso de pertencimento. Mas isso não significa aceitar abusos ou abrir mão de quem você é. Significa aprender a colocar limites e conviver com as diferenças de forma mais saudável”, conclui.
