
A obesidade é uma doença multifatorial e os critérios para a indicação da cirurgia bariátrica são, IMC (índice de massa corpórea) acima de 39, ou acima de 35, mas com comorbidades associadas como diabetes tipo 2, apneia do sono, hipertensão, dislipidemia, insucessos em tratamentos clínicos, entre outros.
Uma avaliação psicológica detalhada pré cirúrgica, é de extrema importância além de se certificar de que o paciente entenda a interação entre obesidade e fatores psicológicos, ou seja, a obesidade pode levar a alterações psicológicas e alterações psicológicas podem levar a obesidade.
Os impactos que a cirurgia causa na saúde mental podem ser positivos ou negativos. Os positivos podem vir da melhora de uma depressão e ansiedade anterior. Proveniente de uma perda rápida de peso, melhora da qualidade de vida em um primeiro impacto, poucos meses após a cirurgia. Porém esses mesmos efeitos podem agravar a depressão e ansiedade justamente se não estiverem atendendo às expectativas da pessoa. A grande restrição alimentar, a vontade de comer certos alimentos e, até mesmo de poder beber um grande copo de água, que não é possível pelo tamanho reduzido do estômago, podem levar a pessoa a sentir arrependimento, tristeza, raiva, em ter se submetido a cirurgia.
As pessoas mesmo recebendo todas as informações necessárias no pré operatório, criam expectativas,” ouvem”, prestam atenção a parte que interessa e criam imagens e pensamentos de que não será nada tão difícil e complicado pois o que importa para elas é que serão magras! Vão finalmente emagrecer!!!
Alguns outros aspectos observados que podem trazer problemas à saúde mental são os transtornos de imagem corporal, insatisfação com os resultados no tempo que o paciente imaginava, (o que também é fator estressante para levar ao álcool já que não consegue comer muito de uma só vez, a bebida desce mais fácil e é transformada em açúcar no organismo), a automutilação também é observada .O medo de recuperar peso ou de não emagrecer até chegar no seu ideal ,ou seja, insegurança emocional, queda de cabelos, tudo afeta a saúde mental. A longo prazo as deficiências nutricionais, possíveis problemas intestinais, dumping que pode levar a pessoa a sentir medo de ingerir certos alimentos, são as causas mais comuns que afetam o emocional.
A necessidade de acompanhamento multidisciplinar é continua, pois, a cirurgia bariátrica acarreta mudanças permanentes tanto a nível físico quanto mental. Não se pode dar atenção somente a parte fisiológica, como normalmente acontece, somos um todo e a saúde mental, a não ser em casos muito evidentes de problemas, é negligenciada.
A adaptação ao novo corpo, nova vida, nova pessoa que terá que lidar diferente de tudo que era e fazia anteriormente, porque como ela pensava e agia foi o que a levou ao extremo de peso e à cirurgia. Lidar com todo processo de autoconhecimento, autoestima, autocuidados, auto Imagem, relacionar- se consigo e com o mundo, não é tarefa simples. Evitar o reganho de peso, muito comum após 2 anos de cirurgia, (estudos apontam 92% de reganho após 24 meses), ou seja, manutenção do peso. É preciso estar com a saúde mental cuidada. O apoio psicológico é o que sustenta o emocional do paciente evitando e/ ou cuidando de alterações de humor, transtornos de ansiedade e depressão no pós-operatório.
As alterações fisiológicas também facilitam o aumento do risco por adições como álcool e outras substâncias. No caso do álcool (pode chegar a 25% o risco aos pacientes da bariátrica. Isso acontece por dois motivos: – Através do gastrointestinal alterado, o álcool é absorvido diretamente pelo intestino delgado, trazendo a sensação de embriaguez mais intensas com pequenas quantidades e, sensibilidade aumentada. E, a outra se dá por transferência de compulsão, ou seja, a dependência alimentar que a levou a obesidade e agora, não é mais possível pela diminuição do tamanho do estômago, agora se dá de outras formas. O padrão de busca de prazer e recompensa se transfere para o álcool ou outras substâncias. Muda- se o objeto do vício, da compulsão, mas não o comportamento mental e comportamental instalado. Mais uma vez reforço o acompanhamento psicológico e se necessário, psiquiátrico constante pós cirurgia bariátrica. (Sem resolver ou cuidar de perto, do que te levou a obesidade extrema, somente o ato da cirurgia não muda a complexidade dos fatores que te levaram a ela. A cirurgia é apenas uma das ferramentas para alcançar o peso saudável.
Na abordagem sobre o álcool e a bariátrica tivemos progresso, visto que um dos pré requisitos para se submeter a ela é não ser alcoólico ou não ter histórico de uso excessivo de álcool. O paciente que tem histórico deve estar em abstinência por 6 meses no mínimo, antes da cirurgia e, se comprometer a não ingerir álcool pós-operatório. Também por este motivo a importância de um pré operatório detalhado, para tratar possíveis problemas pré existentes , monitoramento psicológico e psiquiátrico e educação sobre riscos. Há o encaminhamento para programas do tratamento de dependências.
Independente e, para amenizar os riscos pós bariátrica, cuide sempre da sua saúde mental. Ela é essencial para uma vida não só saudável, mas acima de tudo, feliz.

 
	 
						
									 
						
									 
						
									 
						
									 
						
									 
						
									 
						
									 
						
									